sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dias de Melo



Dias de Melo nasceu na freguesia da Calheta de Nesquim, ilha do Pico. Antes do 25 de Abril, foi perseguido pela PIDE e teve que abandonar a ilha de São Miguel, onde residia e era professor efectivo, estabelecendo-se em Lisboa. Na capital, começou a colaborar com o Diário de Notícias e o Diário de Lisboa, continuando sempre a leccionar. Regressou alguns anos mais tarde aos Açores, onde reside actualmente. Foi homenageado diversas vezes, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo sido condecorado com a Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares. O seu romance “Pedras Negras” está já traduzido em Inglês e Japonês.



Olho a Estrela do Norte – quantas vezes, nos meus tempos de baleeiro, me indicou, a mim e aos meus companheiros, o rumo do porto de salvação! –, fixo a Estrela da Manhã, por cima dos seios de donzela dos cimos dos Cabecinhos a apontar-me Lisboa, o pensamento, o coração a chamarem por ti, a irem para ti. Para ti e para a Edna, que já não é deste mundo – e tanto que sinto tê-la aqui comigo como antigamente. Neste livrinho, que será simultaneamente um diário do que me recordar da vida que já vivi e da vida que irei vivendo enquanto, com a minha idade não será por muito tempo, neste mundo andar. Da vida que já vivi: uma espécie de memórias da poeira que, ou levantada por ventos vários, ou pelos meus próprios passos, me foi envolvendo e ficando presa no corpo e na alma. (…)

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